terça-feira, dezembro 27, 2005

euphorbia pulcherrima



E. pulcherrima, baptizada de poinsétia, mas também conhecida por estrela-do-natal ou cardeal, é a planta da época. Encontramo-la na primeira fila dos hortos, nas montras dos talhos, em versão plástica nas lojas dos 300... Afinal, é mais uma invenção americana que invadiu os nossos Natais.
A poinsétia que conhecemos hoje é descendente de um arbusto nativo do México e da América Central, onde crescia espontaneamente. Os aztecas utilizavam as suas brácteas* para fazer tintos e a sua seiva para baixar a febre.
Em 1828, Joel Roberts Poinsett - o primeiro embaixador americano no México e famoso botânico - descobriu esta planta numa das suas saídas de campo. Impressionado com a sua beleza e cor, Poinsett recolheu algumas estacas da planta que enviou para as suas estufas na Carolina do Sul. Alguns anos mais tarde, a euphorbia pulcherrima era baptizada de poinsétia em honra do responsável pelo seu achamento.
A sua difusão e comercialização enquanto planta de interior deve-se a Paul Ecke, um floricultor da Califórnia. Ao reparar que a sua floração coincidia com a época natalícia, imediatamente transformou a poinsétia num dos símbolos do Natal. Várias espécies foram desenvolvidas e reduzidas para poderem ser usadas como plantas de interior. A Paul Ecke devem-se também as variedades mais conhecidas, às quais aquele floricultor deu nomes de membros da sua família: 'Barbara Ecke Supreme' (brácteas vermelho púrpura), ' Mrs. Paul Ecke' (brácteas vermelho sangue) e 'Ecke's White' (brácteas brancas).
As poinsétias são plantas que requerem imensos cuidados. Para "florirem" (ou seja, para que os seus botões e brácteas se formem) a tempo do Natal, as plantas devem ser sujeitas a um tratamento de luz que dura cerca de oito semanas. A partir do primeiro dia de Outubro, devem estar na total escuridão durante 14 horas por noite para que as suas folhas se transformem.

* folhas modificadas, frequentemente fazendo parte de uma flor (também, por ex., na buganvília)

sábado, dezembro 24, 2005

já cá canta...



... um ano de blogue!!!

Ultimamente, menos presente mas prestes a regressar em força às novidades florais e hortícolas.
Por isso, recebi esta prenda musical (que chegou em MP3):

O Jardim

Há tanto tempo que não me ocupo do jardim
A última vez estava frondoso
A buganvília a tingir-se de vermelho
Trepando
O perfume inebriante
E as festas ao cair da tarde
Parece que foram há séculos
Noutra encarnação
Os meus amigos traziam as bebidas
E a jovialidade
O jardim enchia-se de gente
De beijos
Pelos cantos
Sôfregos de desejo

Inventavamos planos de rebelião
Sonhos de transmutação
Passavamos horas a inventar
Entre duas carícias
Surgiam ideias puras e inocentes
Como a nossa vontade de tudo abarcar
Era um frenesim constante
Faz-me pena agora
Olhar para ele
Para as suas sebes abandonadas
De ramos retorcidos
Jaz tombada a grande epícea
E uma enorme cratera
Substitui os belos canteiros de outrora

Há tanto tempo que não me ocupo do jardim

Adolfo Luxúria Canibal e António Rafael, em Primavera de Destroços

(obg, PG. )

domingo, dezembro 18, 2005

o canteiro oriental



Acrescentei um pouco de exótico à horta com a plantação de um canteiro dedicado às ervas aromáticas vietnamitas, tailandesas, indonésias e de outras paragens asiáticas. Comecei pelos coentros e acrescentei mais uma variedade de malagueta (enquanto não encontro a verdadeira malagueta tailandesa, esguia e de um vermelho vivo), uma hortelã vietnamita e um exemplar de erva-principe (cymbopogon citratus). Esta última é um ingrediente presente em imensos pratos da cozinha tailandesa. Com a parte superior das suas folhas faz-se um chá altamente digestivo e refrescante.

Larp (Tailândia)
Torrar 2 colheres (sopa) de arroz numa frigideira, em lume médio, até os grãos adquirirem uma cor acastanhada-clara. Agitar a frigideira de vez em quando. Deixar arrefecer o arroz e moer num moínho de especiarias.
Cortar em cubos 400 gr de peito de frango, sem pele e desossado. Num wok, deitar 3 colheres (sopa) de sumo de lima, 150 ml de caldo de galinha e 3 colheres de sopa de molho de peixe (à venda nas mercearias com produtos orientais). Levar ao lume até ferver. Juntar o frango e mexer bem até a carne ficar branca.
Passar para uma tigela e acrescentar o arroz, 1-2 colheres (chá) de malaguetas moídas, 1 cebola vermelha picada, 2 caules (parte inferior) de erva-princípe e 2 colheres (chá) de casca de lima. Mexer tudo muito bem para ligar os ingredientes. Guarnecer com coentros ou hortelã e servir imediatamente.

(Adapt. Norman, Jill - ervas aromáticas e especiarias. Porto, Ed. Civilização)

regresso num domingo de sol



Hoje teve de ser, não resisti a meter as mãos na terra. Os afazeres profissionais não esperam, mas a natureza também não. Como consegui adiantar trabalho ontem, ganhei umas horas para a jardinagem.
Assim, o domingo começou com dois dos meus programas de jardinagem preferidos, na BBC Prime:
- Ground Force - numa versão sem o emblemático Alan Titchmarsh, a equipa liderada por Tommy Walsh e Charlie Dimmock transformam mais um jardim, numa corrida contra o tempo.
- Model Gardens- o programa consiste na remodelação total ou planificação de um pequeno jardim. O apresentador Sven Wombwell, com a ajuda preciosa dos modelos de Graham Avis, ajuda os donos a visualizar o aspecto final.
Inspirada por estes momentos de "jardinagem no sofá", segui para o jardim onde há muito que fazer. Desenganem-se aqueles que acham que no Inverno a jardinagem se torna pouco interessante. Apesar do ritmo abrandar um pouco, há muito a fazer: as podas de roseiras, de outros arbustos e de árvores de fruto, as sementeiras de ervilhas-de-cheiro, a plantação de bolbos variados, a limpeza de folhas secas e infestantes...
Pois então, ao trabalho!

sexta-feira, dezembro 09, 2005

mercado de produtos biológicos

Finalmente, concretizou-se o que já vinha a reclamar há muito tempo: um mercado de produtos biológicos que permite aos pequenos produtores escoar as suas culturas. Aos sábados, entre as 10h00 e as 18h00, no Núcleo Rural do Parque da Cidade do Porto (entrada pelo Beco das Carreiras, à Vilarinha). Para quem tem saudades do cheirinho das maçãs ou do sabor de uma sopa de abóbora a sério.

domingo, novembro 27, 2005

* suspiro *



* No jardim, aguardando a plantação:
- alguns novos bolbos de frésias, ranúnculos e anémonas

*Na horta, aguardando plano e sementeira:
- favas, ervilhas, alfaces, nabiças, nabos e rabanetes

* Na estante, aguardando a leitura:
-"L'Herbier du monde : Cinq siècles d'aventures et de passions botaniques au Muséum d'histoire naturelle" (a minha auto-prenda de Natal)
- "Art of the garden" (o catálogo de uma belíssima exposição na Tate)

terça-feira, novembro 22, 2005

ciber-agricultura

Animação na blogosfera! Mais duas novas moradas de ciber-agricultores:

- Hortelã verde - as experiências da aspirante a permacultora e agricultora biológica Irina Maia

- Agricultura - um blogue a seis mãos descoberto pelo sempre atento JRF

Espero conseguir voltar brevemente às lides bloguistas. Ufa Ufa, até já.

quarta-feira, novembro 16, 2005

musgo no coração

"Gente com musgo no coração" foi a definição de portuense mais bonita que eu ouvi até hoje.
Helen Nodding ensina como escrevê-la num graffitti muito especial.

segunda-feira, novembro 14, 2005

sábado: um dia com árvores



Pelo exercício da cidadania, pelo direito à participação na decisão sobre o espaço público, pelas árvores e pelas flores na Praça, de manhã.
À tarde, visita ao jardim dos SMAS onde fontes antigas da cidade repousam numa mata de belas e variadas árvores.
Manuela, Maria e Paulo, parabéns pelas iniciativas e obrigada por tratarem as árvores assim.

sexta-feira, novembro 11, 2005

o dia da papoila


Photo © Andrew Dunn

À 11ª hora do 11º dia do 11º mês de 1918, a paz voltou à frente ocidental. O Armistício assinalava o fim da I Grande Guerra. No Reino Unido, comemorou-se hoje o Remembrance Day e lembraram-se os mortos caídos nas duas Grandes Guerras. Cada britânico coloca na lapela uma papoila artificial comprada aos veteranos da Royal British Legion.
Tudo começou com o poema In Flanders Fields escrito pelo major canadiano John McCrae, no qual evocava os campos de batalha da frente ocidental. Os abalos causados pelas bombas no solo desses campos da Flandres haviam "despertado" as sementes de papoila que permaneciam adormecidas na terra há anos. Por sujestão da poetisa americana Moira Michael, usa-se esta flor em memória dos homens que tombaram nesses campos de sangue.

quinta-feira, novembro 10, 2005

concentração na avenida dos aliados e praça da liberdade

sábado, 12 de novembro, às 11h00
organização: Aliados
"A Câmara e a Metro do Porto preparam-se para transformar a Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade, de alto a baixo, num deserto cinzento, sem cor e sem alma. Como já sucedeu no alto da avenida, serão abatidas árvores, e desaparecerão os canteiros e os desenhos da calçada para darem lugar ao granito inóspito. À revelia da lei e do respeito que é devido aos cidadãos, os portuenses não foram tidos nem achados nesta transformação. A cidade é de todos, não da Câmara e muito menos da Metro. Ninguém tem o direito de destruir a memória da cidade contra a vontade dos cidadãos. Neste momento decisivo da história da cidade, o Porto precisa de si. Manifeste-se connosco. Juntos na Praça da Liberdade, pela Praça da Liberdade".

casas para pássaros - inspirações

Aqui e também aqui.

segunda-feira, novembro 07, 2005

artesanato ambiental



Descobri estas casas para pássaros na loja de produtos biológicos do Mercado de Matosinhos. São construídas em madeiras reutilizadas e pintadas com óleos naturais. Hummm o ninho Clérigos parece ser o mais adequado aos passarinhos de um jardim portuense *:)

domingo, novembro 06, 2005

unidades scoville



A escala Scoville foi criada em 1912 pelo farmacêutico Wilbur Scoville, para medir o grau de picante das capsicum sp. (família das pimentas). A unidade mede a capsaicin, o produto químico que a pimenta contem e que provoca a sensação de ardor. Hoje, utiliza-se um método mais científico do que o original (que era um teste comparativo). No entanto, manteve-se a denominação "Scoville" em homenagem a Wilbur Scoville.
A pimenta mais picante que existe é a Habanero, classificada em mais de 350,000 unidades Scoville.

malaguetas contra pulgões


Mais uma receita de repelente natural para pulgões: triturar um punhado de malaguetas secas com dois dentes de alho (o alho actua como fungicida enquanto que o cheiro da malagueta repele). Misturar num litro de água e deixar de molho de um dia para o outro. Filtrar e diluir em 5 litros de água. Testar numa folha antes de pulverizar nas plantas (se a concentração for alta de mais, pode queimar as plantas. Por isso, deve-se testar primeiro e diluir mais se necessário). Não se deve aplicar este preparado em dias de muito sol. O contacto com a pele e com os olhos deve ser evitado.

sexta-feira, novembro 04, 2005

o vegetal como vocábulo da arquitectura III



Conhecia o trabalho de design colorido de Gaetano Pesce, mas não sabia que no seu curriculum constavam também obras de arquitectura. Neste apanhado de obras nas quais a natureza cruza com a arquitectura, inclui-se THE ORGANIC BUILDING (1990-1993), um edifício no coração da baixa de Osaka (Japão). Gaetano Pesce partilha a autoria desta torre com outro arquitecto, Olafur Thordarson.
O prédio foi concebido para ser um espaço comercial e um símbolo do crescimento económico e vitalidade da segunda maior cidade japonesa. Para materializar este conceito, os arquitectos inspiraram-se na metáfora do jardim. Dado o preço elevado do m2 nesta cidade de elevada densidade, o jardim foi concebido como um elemento vertical da fachada.
Inspirando-se na planta mais característica do jardim japonês (o bambú), a dupla de arquitectos desenvolveu um jardim vertical fortemente marcado por uma superfície ondulante que contrasta em termos cromáticos com o cinzento dos outros edifícios do bairro. Nos diversos nichos que o constituem foram colocados 80 tipos diferentes de plantas e árvores autóctones, escolhidas em parceria com horticultores de Osaka. Um sistema de rega automático e complexo hidrata continuamente as plantas.
Em 1994, o edifício foi declarado um jardim público municipal, o que obriga à sua manutenção perpétua.

onde entregar pesticidas e afins

Obrigada, C.Rosas pelo comentário que, pela importância, passo a transcrever:

"Julgo que ainda não existe mesmo um sítio para a entrega destes produtos. Mas, em breve, será possível entregá-las em algumas cooperativas agrícolas, através do sistema de recolha destas embalagens que está a ser implementado, como informação aqui."

quarta-feira, novembro 02, 2005

um jardim livre de químicos


A acção de sensibilização da classe política para a questão da contaminação química, organizada hoje pela Quercus, recorda-nos mais uma vez que vivemos expostos a elevados níveis de toxicidade. A solução do problema, num plano individual, pode começar por aqui: libertar o jardim dos produtos químicos e optar por uma jardinagem biológica.
- Usar as mãos cada vez mais - no combate às lesmas e caracóis e na guerra contra os pulgões.
- Manter o jardim limpo, varrendo as folhas mortas e acabando com as pilhas de vasos vazios num canto do jardim. Estes simples gestos previnem o aparecimento de doenças e, consequentemente, a necessidade de pesticidas. Diminuem também a fonte de alimentação e abrigo de lesmas e caracóis.
- Instalar um comedouro para pássaros, que assim terão uma razão para visitar o jardim mais vezes. E, na volta, contribuirão para o controle de bicharada nociva.
- Usar tratamentos biológicos para madeira, pondo de parte os vernizes, tintas e solventes feitos à base de petróleo, vinyl ou outros componentes tóxicos. Em vez disso, procurar produtos feitos à base de óleos, água, cera e pigmentos naturais.
- Plantar sebes e flores que possam atrair insectos auxiliares ao controle de pestes (alecrim, rosmaninho, alfazema, calêndulas, por exemplo).
- Utilizar produtos biológicos no combate às pestes; ou pelo menos, produtos químicos aceites pela jardinagem biológica, como a calda bordalesa.
- Usar a enxada para retirar as ervas daninhas. Nos casos mais rebeldes, cobrir o solo com manta geotérmica para travar o seu crescimento.
- Aderir à compostagem - mais palavras para quê? *: )
- Optar por um prado em vez de relvado, porque necessita de menor manutenção, atrai vida selvagem e ... é lindooooooo.
- Livrar-se de todos os produtos químicos que tenha vindo a utilizar (pesticidas, herbicidas, iscos para caracóis, etc). Até à data, ainda não descobri quem me dissesse onde se devem entregar estes produtos. Sei que não é nas farmácias ... Se alguém descobrir, deixe p.f. o comentário.

terça-feira, novembro 01, 2005

allium sativum


Enquanto o plano da nova horta não fica pronto, aproveitei uma aberta neste tempo de chuva para plantar alhos. Trouxe alhos de semente* do Alípio com tal "perfume" que a urgência na plantação se impôs.
Dividi os bolbos (dentes) das cabeças de alhos e plantei-os em solo enriquecido com composto, com o lado plano para baixo, à distância de um palmo entre cada bolbo.
Os alhos ficam mesmo assim, com a parte por onde sairá o rebento de fora. Por isso, devem ser protegidos dos pássaros com uma rede.
* os melhores bolbos da colheita anterior são guardados para semente. São preferíveis aos alhos que se compram no mercado para consumo culinário pois estes, muitas vezes, são tratados para não "grelarem".

domingo, outubro 30, 2005

o vegetal como vocábulo da arquitectura II

(foto: arc en rêve)
Continuando a pesquisa sobre projectos que combinam arquitectura e natureza, encontrei Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal. Se a principal preocupação dos dois arquitectos franceses é a economia da arquitectura (bem patente no tipo de materiais que usam), "habitar a paisagem" parece ser o lema destas três obras do seu atelier:
- Casa Latapie - Floirac, França (1993) - uma casa feita de enormes espaços livres e modulares, com envólucros protectores semelhantes a estufas hortícolas (tal como a casa em Coutras (2000), na foto)
- Departamento de Artes & Ciências Humanas - Universidade de Grenoble, França (1995) - um edifício donde se avistam as montanhas através de uma fachada envidraçada, na qual se inseriram bambus (do lado norte) e buganvíleas (do lado sul).
- Casa em Lège-Cap-Ferret, França (1998) - a vontade de preservar a natureza levou-os a dissimular uma casa sobre pilotis no meio de um pinhal. As árvores atravessam a casa e o espaço interior é organizado em seu redor.
(fora de contexto, mas digna de menção, outra obra interessante desta dupla francesa: o projecto de renovação do Palais de Tokyo, Paris)

quarta-feira, outubro 26, 2005

leitura no metro



O verdadeiro mundo rural ainda existe, ou é já ficção? Faz sentido continuarmos a insistir na divisão cidade vs campo? O penúltimo número da revista Granta levanta e debate estas questões, acolhendo o imaginário rural de quase uma dezena de autores de língua inglesa : Craig Taylor regressa a Akenfield, Barry Lopez inicia-nos na arte da pesca do salmão, enquanto que Tim Adams regista os últimos momentos da caça à raposa. As páginas sobre iconografia rural e um passeio guiado por Robert Macfarlane pela escuridão da noite no campo encerram em beleza este volume.
Igualmente estimulante, a revista Hortus que se apresenta como a Granta da escrita sobre jardins. Alguns extratos do último número aqui.

segunda-feira, outubro 24, 2005

mini-cursos de jardinagem


Foi no Jardim Botânico da Ajuda que eu tirei o meu primeiro curso de jardinagem. Tinha acabado de sair de um esgotante projecto de três anos e, por momentos, cheguei até a pensar mudar o rumo da minha vida profissional. Com o curso, percebi que essa mudança não seria tão imediata como eu imaginava e acabei por regressar novamente à museologia e ... ao meu jardim.
passeio - cogumelos
No próximo dia 10 de Novembro, vai ter lugar mais uma actividade organizada pelo Jardim Botânico da Ajuda - Instituto Superior de Agronomia: um passeio para identificação e colheita de cogumelos num montado em Grândola, seguido de almoço em Alcácer do Sal. À tarde, os cogumelos colhidos serão separados e identificados. A sessão será orientada pelo Dr. Jorge Estrela e pela Engª Helena Machado. O preço, que inclui transporte em autocarro e almoço, é de 90 € (glups).
Para inscrições e informações, telefonar para 96.9534386 ou 21.3622503 (também é fax) ou enviar e.mail para henriqueta.coelho@clix.pt

domingo, outubro 23, 2005

analisar a terra


Antes de preparar a terra para as próximas plantações, resolvi retirar uma amostra de cada um dos canteiros para analisar. Retirei amostras a cerca de 20 cm de profundidade (nas zonas dos bolbos e hortícolas) e 40 cm nos canteiros de rosas. Esta análise permitirá verificar se a terra é ácida (abaixo de 7), básica ou alcalina (acima de 7) ou neutra (igual a 7)* e os níveis de azoto, fósforo e potássio.
No Porto, as análises ao solo podem ser feitas na Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho (Rua Restauração 336, tel. 2.6062045).
* o solo ideal para cultivar plantas deverá ter um pH entre 5 e 6.

sábado, outubro 15, 2005

continuando a poupar água

A chuva já cá está (como diz um amigo meu, "obrigado aos índios") mas um plano de poupança de água continua a ser necessário. Por isso, o Ecoclube de Mindelo organiza uma palestra através da qual pretende sensibilizar para este sério problema. É hoje, pelas 14h30, na Associação Cultural e Desportiva de Mindelo.
Via João (Bioterra), chega-nos a notícia de um sistema de rega automático que aplica a água nas culturas no momento e quantidade ideias. O sistema é regulado por sensores que "interpretam" as solicitações hídricas das plantas durante a fotossíntese.
E uma vez que se adivinha uma longa espera até à aplicação de equipamentos similares a este nos nossos espaços verdes, esperemos pelo menos que casos destes não voltem a acontecer.

quarta-feira, outubro 12, 2005

o floricultor fotógrafo


Aurélio Paz dos Reis (Col. Cinemateca Portuguesa)
Há mais de um dia que ando fascinada com a descoberta: Aurélio Paz dos Reis (Porto, 1862 - id 1931), pioneiro do cinema em Portugal, fotógrafo, republicano convicto, era também floricultor. Em 1893, na Praça D. Pedro (a actual Praça da Liberdade), abriu ao público a sua "Flora Portuense". Na loja de floricultura, a par dos produtos hortícolas e flores, das plantas e sementes, Aurélio vendia também máquinas fotográficas, jornais, livros e revistas da especialidade. Da combinação destas duas paixões, resultou esta fotografia de uma dália indiana premiada num concurso do Palácio de Cristal. E ainda muitas estereografias* , uma das quais apresenta a família de Paz dos Reis num ambiente naturalista e bucólico.
* estereografia - imagens duplas captadas com máquinas de lentes gémeas; quando visualizadas através de um estereoscópio, produz-se um efeito tridimensional.

domingo, outubro 09, 2005

escolher bolbos



Está na hora de escolher os bolbos das flores da Primavera! E se há altura que me deixa feliz é esta, porque fico horas a imaginar as misturas de cores, as combinações de tamanhos e as texturas das plantas que resultarão daí. Os bolbos de tulipas, jacintos, narcisos (amarelos e brancos) e iris aguardam o regresso à terra dentro de bolsas feitas com collants (há que reciclar!!) que estão penduradas no tecto da carvoeira (um anexo do jardim que, como o nome indica, servia para guardar o carvão e ainda o papel que se ia pondo de lado. Todas as semanas, o "Manuel do Saco" vinha levantar o papel para a "farrapeira"). Como não sei a cor dos bolbos de tulipas holandesas (obrigada, LM!), vou ter algumas surpresas lá pelo meio também.
Na terra, desde o ano passado, ficaram os bolbos das anémonas, dos ranúnculos, dos crocos, das campaínhas e das minhas favoritas frésias. Talvez reforce alguns canteiros com a compra de novos bolbos destes.

como escolher bolbos
Por uma questão de maior confiança, costumo comprar sempre os bolbos a granel numa loja de sementes (normalmente, no Alípio). Para além de os poder escolher um a um, tenho a certeza que são de qualidade e acabadinhos de chegar.
Escolho os maiores (os pequenos nem sempre florescem; podem, no entanto, florescer no ano seguinte), os mais rijos, de casca intacta e aqueles que não apresentem manchas, riscas ou podridão.
Os bolbos que tenham já rebentado são de evitar. No entanto, quando se deixa a compra de bolbos para tarde, é natural que isso aconteça. Nesse caso, devem escolher-se os que tiverem os rebentos mais pequenos.

quarta-feira, outubro 05, 2005

nas nuvens



Sempre gostei de conhecer o mundo imenso que se esconde dentro das palavras. Quando fui estudar para o Reino Unido, aprendi que os genericamente apelidados por cá de indianos se diferenciam entre si consoante a sua língua-mãe, que há muitas expressões para nomear uma e que há imensas variedades de batatas (para além da nossa classificação "branca" e "vermelha").
Recentemente, descobri que podemos ser ainda mais precisos quando falamos de nuvens.

(mais tipos de nuvens)

terça-feira, outubro 04, 2005

o nome dos ventos

Não resisto a colocar um link para o post sobre ventos d' Um amador da Natureza.

segunda-feira, outubro 03, 2005

o vegetal como vocábulo da arquitectura



Com tanta animação astrofísica, a comemoração do Dia Mundial da Arquitectura ... eclipsou-se!
Para que não passe despercebido, apresento-vos um dos meus projectos preferidos que comprova uma relação mais íntima entre arquitectura e o universo vegetal.
À partida, estas duas noções podem parecer antagónicas: se a primeira se revê mais facilmente no mundo mineral, a segunda remete para ideia de organismo vivo, instável e frágil. No entanto, a utilização de vegetação na arquitectura multiplicou nos últimos anos, assumindo funções de estrutura, revestimento ou filtro.
Um dos projectos mais interessantes nesta área é o muro vegetal da Fundação Cartier (Paris), projectado pelo botânico Patrick Blanc para o arquitecto Jean Nouvel.
Investigador no laboratório de Biologia vegetal tropical do CNRS , Patrick Blanc especializou-se no estudo da adaptação das plantas ao meio, particularmente as que vivem sob condições extremas (como as que crescem nas florestas tropicais).
A partir da observação das plantas na natureza, elaborou um sistema de cultura vertical de plantas, sem terra. A sua referência é a vegetação que cresce nos troncos de árvores e rochedos das florestas húmidas. Filodendros e antúrios são dispostos numa superfície de feltro hortícola e desenvolvem a sua folhagem em jardim suspenso.
Para além desta intervenção sobre a arquitectura de vidro de Jean Nouvel, Patrick Blanc realizou muros vegetais em Chaumont-sur-Loire, no Hotel Pershing Hall e no Museu do Quai Branly, entre outros.

domingo, outubro 02, 2005

água leva o regador



Como a chuva não vem, há que continuar a regar o jardim. Não esquecendo que a poupança de água é, e será, sempre obrigatória!
Acertar com a quantidade certa de água para cada tipo de planta (sem a matar à sede ou encharcar) é um exercício de rigor que distingue um bom de um mau jardineiro.
Na EP[S] de 11 de setembro de 2005, Pilar Gómez-Centurión ensina-nos um dos segredos mais importantes da jardinagem: a rega.

(dic. - césped = relvado; macetas = floreiras)

quarta-feira, setembro 28, 2005

percursos [na paisagem]


01-02 Out - Parque de Serralves
16h00, 18h00

Percursos sonoros e gestuais coreografados para o parque de Serralves por Akio Suzuki e Kunko Wada.

terça-feira, setembro 27, 2005

consociações


Chelsea Flower Show 2005

Embora não esteja ainda totalmente comprovado cientificamente, há quem defenda que há combinações de certas plantas (plantas companheiras) que estimulam o seu crescimento através da competição ou complementação que estabelecem entre si. Segundo a ficha dedicada ao tema pela Horta da Formiga, as consociações ajudam no combate às pragas e às ervas infestantes e promovem uma melhor utilização dos nutrientes do solo. Combinadas com a prática da rotação de culturas, as consociações poderão ainda estimular a produtividade.
A tabela das consociações favoráveis e desfavoráveis pode ser descarregada a partir da página Downloads.

aromas à janela



Como preparar um tabuleiro com ervas aromáticas:

- escolher as ervas* de acordo com a orientação da janela e agrupá-las consoante as suas necessidades de luz e humidade:

Alecrim (rosmarinus officinalis) - local soalheiro e abrigado; solo bem drenado e leve
Cebolinho (allium schoenoprasum) - ao sol ou sombra parcial; solo bem drenado e fértil
Coentro (coriandrum sativum) - ao sol, abrigado; solo bem drenado e fértil
Estragão (artemisia dracunculus) - ao sol, abrigado; solo bem drenado e seco
Hortelãs (espécies de mentha) - meia-sombra; solo rico e húmido
Manjericão (ocimum basilicum) - bem exposto ao sol e abrigado; solo leve e rico
Oregão (origanum vulgare) - local soalheiro, abrigado e quente; solo bem drenado, fértil e de preferência calcário
Salsa (petroselinum crispum) - local arejado durante o Verão e Outono e abrigado junto a uma parede virada a sul no Inverno; solo fundo, fresco e rico
Tomilho (thymus vulgaris) - local soalheiro; solo bem drenado

- colocar o conjunto de vasos sobre uma camada de gravilha ou cascalho num tabuleiro pouco profundo;
- manter a gravilha mais ou menos húmida, segundo as necessidades de água do conjunto de ervas;
- proteger as plantas das correntes de ar.


* Cantinho das Aromáticas
Quinta do Paço - Rua do Meiral, 508
4400-501 Canidelo - Vila Nova de Gaia
Tel/Fax: 22 77 10 301
Horário de Outono: Segunda a Sexta, das 9,30-12,00 e das 14,30-17,30.
Reabre aos sábados a partir de 01 de Outubro.

segunda-feira, setembro 26, 2005

reciclar galochas



A Marie Claire Idées deste mês sugere aos jardineiros/as mais vaidosos/as alguns modelos personalizados de galochas, feitos a partir da reciclagem de vários materiais.

Da esquerda para a direita, de cima para baixo:
- sapatilhas: a sola, os pespontos e os atacadores são pintados com tinta acrílica e fixados com verniz mate.
- bússola: aplicações em feltro coladas com cola para borracha.
- bolas: círculos em tecidos diversos colados com verniz-cola e sola pintada com tinta acrílica.
- gola alta: mangas de camisolas e perneiras de lã recicladas e apliques de flores em feltro ou croché.
- flores: aplicações de guardanapos de papel fixados com verniz-cola, avivados com tinta acrílica.
- liberty: borda dupla em tecido de flores (liberty), colado no interior das galochas e sola pintada com tinta acrílica.

domingo, setembro 25, 2005

recolher e armazenar sementes



Hoje de manhã, recolhi finalmente as sementes de calêndulas que formam a sebe em torno da horta. As sementes encontram-se nas flores secas (as "perninhas de polvo" que tenho na mão e o seu envólucro, que também se deve guardar). Devem ser recolhidas no final do Verão/começo do Outono, quando as sementes já estão secas. Assim, evita-se uma ressementeira natural invasora.

recolher e armazenar sementes
Recolher e armazenar sementes pode representar uma poupança considerável no orçamento anual de qualquer jardim. Desde que as sementes não provenham de uma planta doente ou de um híbrido, sejam colhidas na altura certa e armazenadas nas melhores condições, as probabilidades de se conseguir replicar as plantas do nosso jardim são elevadas.
Eis algumas regras simples a observar:
- a proveniência da planta deve ser conhecida, uma vez que as sementes das plantas híbridas não devem ser recolhidas.
- as sementes devem ser colhidas num dia seco e soalheiro, para que estejam completamente secas.
- o momento ideal é o início da queda espontânea da semente, do destacamento da planta-mãe ou quando o seu envólucro ficar seco e mudar de cor (normalmente, de verde para castanho).
- o produto da recolha deve ser guardado em envelopes ou sacos de papel, individualizados e etiquetados. Se necessário, deve-se deixar secar melhor a semente em local seco e escuro. No caso das cápsulas de sementes (ex. papoila), devem ser colocadas num recipiente forrado de papel em local quente e soalheiro.
- a separação da semente da planta pode ser feita à mão, recorrendo a uma peneira ou coador para uma separação mais eficaz.
- a extração da semente de alguns frutos ou bagas obtem-se por lavagem e maceração do fruto sobre uma peneira. Em alguns casos, a semente deve ser posta de molho durante 3 a 4 dias para retirar a polpa que envolve as sementes. Estas ficarão depositadas no fundo do recipiente enquanto que a polpa flutuará. O excesso de humidade desaparecerá após alguns dias (7-10) de secagem sobre papel de cozinha, em ambiente ventilado e seco.
- o armazenamento pode ser feito em envelopes de papel vegetal fechados mantidos num ambiente seco, ou numa caixa estanque no frigorífico.
- o excesso de humidade pode ser controlado se for colocada uma "boneca" de gaze com sílica-gel (ou areia para gato sem cheiro) junto dos envelopes de sementes.
- não esquecer de etiquetar.

sábado, setembro 24, 2005

borda d' água


A edição d' O Verdadeiro Almanaque Borda d' Água para 2006 já está disponível.

Tarefas a executar na agricultura e jardinagem em Setembro (2005) : Vindimar. Estercar as terras, no minguante da Lua, para as sementeiras; reduzir as regas; ceifar arroz; colher amêndoa e azeitona. No crescente da Lua continuar a semear (centeio e cevada, nas terras quentes) e a plantar (com as primeiras chuvas) os morangueiros, regando bem até pegarem. Na Horta. Semear ao ar livre e local definitivo: acelgas, agriões, alface, alho-porro, cebola, cenoura, chicória, favas, feijão, nabos, rabanetes, repolho, salsa, tomate. Colher os feijões e colocar de lado as cebolas maiores para a produção de semente. No Jardim. Semear: amores-perfeitos, begónias, cravos, gipsófilas, margaridas, e as que florescerão na Primavera. Plantar jacintos e tulipas.

quinta-feira, setembro 22, 2005

em mistura de cores

No Dia Europeu sem Carros, fui comemorar a minha condição de pedestre à Baixa. O fim de tarde no quarteirão do Bolhão está exactamente como eu esperava: gente apressada a descer Sá da Bandeira com vontade de chegar a casa, as montras das mercearias e os seus montinhos de chás e especiarias (exercício preferido: entrar em cada uma delas e simplesmente respirar fundo) e ... a Casa Hortícola. A colorir aquela esquina do Mercado desde 1921, vende os pacotes de sementes mais bonitos do Porto:

miosotis aspestris (não me esqueças)
(altura 25 a 30 cm)
Planta anã para canteiros de lindas flores azuis e prolongada floração em lugares húmidos e sombrios.
Semeia-se em viveiro ou em lugar definitivo de Agosto a Outubro para floração na Primavera.

perpétuas dobradas, flores também conhecidas como sempre-vivas, imortais, flores de papel ou flores de palha, muito apreciadas para ramos e também para jardins.
Semeiam-se de Março a Junho e de Agosto a Outubro, em alfobre.

margaridas dobradas, lindas flores rasteiras, especialmente indicadas para canteiros. De flores pequenas dobradas mas de abundante e prolongada floração no Inverno e Primavera.
Semeiam-se de Julho a Outubro, em alfobre.

amores perfeitos, plantas muito conhecidas e muito apreciadas pela beleza incomparável das suas flores. De coloridos vivos e muito variados, de abundante e prolongada floração, são aconselhados para jardins, varandas e floreiras. Semeiam-se em alfobre de Julho a Outubro e também na Primavera.

ervilha de cheiro é uma planta trepadeira de 1,5 a 2 metros, muito ornamental, cobrindo-se de lindíssimas flores nas mais variadas cores e muito aromáticas. É vistosa nos jardins e muito utilizada como flor de corte. Semeia-se de Setembro a Março, em lugar definitivo.

Casa Hortícola
Rua Sá da Bandeira, 304 *
4000-429 Porto
Tel. 22.332 02 68
Horário: segunda a sexta 09.00-12.30/ 14.30-19.00 e sábado 09.00-12.30


e o resto é paisagem...



Sugestões para o fim-de-semana? Seguir a estrada que leva ao Sul para participar no festival "Escrita na Paisagem". O Alentejo em mapa de sons, imagens, memórias e ficções. Até 30 de Setembro.

terça-feira, setembro 13, 2005

até já


A contra gosto, por motivos profissionais, ausento-me da blogosfera até ao início da próxima semana .
Não sem antes partilhar a descoberta de uma revista que dá gosto ver e que nos revela a floresta através das palavras de escritores, olhares de fotógrafos, saberes de botânicos, sons de músicos … O sumário da última edição da Fôrets magazine está aqui.

quinta-feira, setembro 08, 2005

compostor urbano


Tchan tchan tchan: com fotos e tudo, eis o compostor ideal para compostar à varanda.
(actualização-22.09.2005)
Sobre esta questão, ler também no Bioterra e Quinta do Sargaçal.

terça-feira, setembro 06, 2005

cursos horta da formiga


Abriram as inscrições para os cursos da Horta da Formiga: compostagem, agricultura biológica, ervas aromáticas e medicinais e até ... apicultura. Toca a inscrever!!!

domingo, setembro 04, 2005

green hot susi peppers


Hoje, ao almoço, ir à horta buscar pimentos. Lavar, partir a meio, tirar o caule e as pevides. Assar na brasa. Depois de bem assados (= quase pretos), meter imediatamente num saco plástico e atar bem. Preparar o molho com azeite, um bocadinho de sal, uma colher de café de mostarda (com grãos) e uma boa dose de coentros picados. Misturar tudo muito bem . Desatar o saco, retirar os pimentos e destacar a pele (com o vapor sai com facilidade).
Cortar em tiras e envolver no molho. Mham ... comer. *: )

mãos à terra!


Há uns dias atrás, comprei dois pés de morangueiro no horto do costume. Quando os fui regar, encontrei-os presos a um torrão "encolhido" e ressequido de turfa, o que não me pareceu ser muito saudável para as raízes. Decidida a investigar sobre o assunto, encontrei informação suficiente para perceber que o uso de turfa tem consequências bem mais nefastas do que pensava.
O uso intensivo de turfa pelos viveiristas e jardineiros amadores deve ter começado em meados do século passado. Os extractores e comerciantes de turfa convenceram-nos de que se tratava do substrato ideal: embora pobre em nutrientes, a turfa era leve, conservava bem a água e o adubo e melhorava a estrutura da terra.
Formada por productos de origem vegetal em decomposição (musgos, árvores, juncos), a turfa encontra-se no seu estado natural em diversas zonas do planeta (da Europa à Indonésia ou Alasca). Cerca de 5-8% da superfície da Terra é constituida por turfeiras e 60% das turfeiras tropicais do mundo situa-se no Sudoeste Asiático. Nestes pântanos, as turfeiras cumprem uma função ecológica importante: nos períodos das chuvas, constituem um mecanismo de controle natural das inundações, actuando como esponjas que absorvem o excedente de água da chuva e dos rios; nas estações de seca, libertam as fontes de água necessárias.
Para além disso, as turfeiras servem de habitat a uma diversidade de flora e fauna selvagens (plantas carnívoras, por exemplo, e pássaros e invertebrados) e, quando situadas no litoral, protegem as terras contra a introsão de água salgada do mar.
Os apaixonados por arqueologia conhecem ainda a sua capacidade de conservação e "arquivo" de materiais arqueológicos, antropológicos e de história natural (por exemplo, madeiras carbonizadas e pólens, de grande utilidade para a datação).
O mais importante de tudo é que as turfeiras protegem a terra do aquecimento global e do efeito-estufa, absorvendo o dióxido de carbono e retendo-o.
Mas a extracção da turfa para fins comerciais aumentou drasticamente nas últimas décadas, provocando a dessecação das turfeiras. Quando seca, a turfa decompõe-se e liberta de novo o dióxido de carbono para a atmosfera. Para além disso, aumenta o risco de colapso do solo e torna-se altamente inflamável (sob condições geológicas adequadas, a turfa transforma-se mesmo em carvão). No Reino Unido, por exemplo, são vendidos 2,5 milhões de m3 de turfa todos os anos! Como o processo de reposição e recuperação das camadas de turfa é muito lento, imaginem a quantidade de hectares de turfeira destruídos.
O que fazer então? A resposta é óbvia: recusar o uso de turfa nos nossos jardins e vasos e protestar sempre que um horto nos tenta impingí-la. Voltar atrás, ao tempo em que se usava composto misturado com terra.
Um jardineiro que ia a casa dos meus Avós respondia com um "Mãos à terra, menina! Mãos à terra!" sempre que eu o bombardeava com perguntas sobre os "mistérios insondáveis" da jardinagem. Jardi-Mário, estou a seguir o seu conselho!

sexta-feira, setembro 02, 2005

a ler

um levantamento dos projectos de hortas sociais na margem sul do Tejo. No a-sul.

segunda-feira, agosto 29, 2005

os jardins da lúcia, recordam-se?


Apresentado por JRF/Quinta do Sargaçal , o maravilhoso projecto do Mark O. Hatfield Clinical Center fez-me lembrar os jardins / instalações da Lúcia Sigalho no Hospital Conde de Ferreira, em 2001. A recordar na 1ª pessoa (a artista) aqui.

domingo, agosto 28, 2005

ping ping, poupando água no jardim


Porque a seca se torna cada dia mais crítica, acrescentam-se algumas boas práticas que permitirão diminuir o consumo de água no jardim:

minimizar a necessidade de água
- só um solo saudável, rico em matéria orgânica, consegue conservar a água de forma eficiente. Por isso, uma das principais tarefas será melhorar a estrutura do solo misturando-o com composto ou estrume. Desta forma, a humidade será melhor absorvida e a água chegará às raízes. Embora este princípio seja genericamente válido para quase todos os tipos de solos, haverá alguns que, por serem demasiado argilosos, necessitam ainda de um pouco de areão para impedir que seque com o calor.
- cobrindo a superfície do solo, em torno das plantas, evita a evaporação e optimiza a poupança de água. Assim, deve-se espalhar estilha, cascas de árvore, gravilha ou outro tipo de cobertura à volta da base das plantas.
- as ervas daninhas competem com as plantas pelo consumo de água. Por isso, devem ser arrancadas (a cobertura do solo tem também a vantagem de prevenir o seu aparecimento).
- as plantas autóctones estão melhor preparadas para enfrentar as condições do local onde são plantadas. Em tempo de seca, a escolha de novas plantas deverá incidir nas espécies mediterrânicas, mais habituadas ao calor e falta de água.
- a acção perniciosa do vento pode ser diminuida através da instalação de tapa-ventos artificiais ou naturais. As sebes de alfazema, tomilho ou rosmaninho dispostas em volta dos canteiros não permitirão que o vento seque as plantas.
- as trepadeiras devem ser plantadas um pouco afastadas das paredes e muros, que absorvem igualmente humidade.
- a relva não aparada e alta faz mais sombra no relvado, diminuindo a sua necessidade de água.

rega eficaz
- a rega pela manhã cedo ou ao final da tarde evita a evaporação pelo excesso de calor.
- a necessidade de água varia de planta para planta. Muitas não precisam de ser regadas todos os dias.
- a rega por aspersão deve ser substituida por rega directa. A primeira gasta demasiada água e dirige-a normalmente para as folhas e não para o solo. Em alguns casos, é aconselhável a escavação de uma cova à volta da planta para que a água se concentre aí.
- é preferível uma rega abundante mas esporádica do que uma rega frequente mas em pequenas quantidades. Isso permite que a água penetre no solo, o que evita que a planta tenha de procurar água na superfície (e, consequentemente, desenvolva o seu sistema de raízes à superfície do solo).
- a instalação de um sistema de rega gota-a-gota pode ser uma solução interessante, particularmente para as hortícolas. No entanto, uma instalação deficiente pode arruinar qualquer boa intenção de poupança!

Para mais informação, consultar:
ROBINSON, Peter - Jardins resistentes à seca - Sugestões criativas para o cultivo de plantas resistentes à seca. Porto: Dorling Kindersley-Civilização Editores Lda., 2002
GREEN, Charlotte-Gardening Without Water. Search Press, 1999

quarta-feira, agosto 24, 2005

ainda as amoras silvestres

As amoras

O meu país sabe as amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.


Eugénio de Andrade, O outro nome da Terra

terça-feira, agosto 23, 2005

aviso a todos os recolectores de amoras


Diz a sabedoria popular que na véspera do dia de S. Bartolomeu (comemorado amanhã, dia 24 de Agosto) o diabo anda à solta e cumpre o péssimo hábito de ... "regar" as amoras.
Está encontrada a razão pela qual estes deliciosos frutos silvestres acabam por se tornar moles e peganhentos! *: )

sábado, agosto 20, 2005

pelargonium*


Antes da invasão das petúnias (ai, odeio estas modas!), havia muitas mais varandas portuguesas a exibir os seus vasos de sardinheiras de cores vistosas : ( Era cá um festival de carmim e vermelhão!!

A nossa casa era portanto uma casa portuguesa, com certeza! No final do Verão, a minha Avó (a quem pertencia o "pelouro" das sardinheiras, flores de liz e orquídeas) retirava algumas estacas da planta-mãe de cada uma delas e plantava-as em vasos que trazia para dentro de casa. Uma vez que muitas das sardinheiras que ficavam no exterior sucumbiam ao frio do Inverno, esta operação garantiu a continuidade da sua plantação.

* Erradamente chamadas gerânios (são parentes dos gerânios rústicos), as sardinheiras são classificadas no género Pelargonium.

quarta-feira, agosto 17, 2005

de volta


... a tempo de ler a bela notícia do Público que anuncia os três novos estudos publicados na Science sobre o conhecimento do mecanismo que controla a floração das plantas.
Um gene (FT) activado de acordo com aquela e uma proteína (FD) que "comanda" a transformação das células estaminais em flores (e não em folhas) são essenciais para desencadear o processo de floração. O primeiro encontra-se na folha e a segunda no botão da planta.
A variação da exposição solar é avaliada pela folha. Na altura indicada para a planta florir, o gene FT presente nas suas folhas produz as moléculas que actuam como mensageiras junto do botão da futura flor. Poético ... : )

(obrigada JRF, Manuela e Medronho pelos votos de boas férias! Vou já ler as novidades nos respectivos blogs. )

sábado, julho 23, 2005

terça-feira, julho 19, 2005

comprar joaninhas


A joaninha é geralmente conhecida como o mais importante auxiliar para luta biológica. Se a criação de habitats através da plantação de sebes ou outras plantas que atraem joaninhas falhou, pode experimentar outra solução: a aquisição de larvas de joaninhas. Em Portugal, poderá encomendá-las na Campo Oeste (Torres Vedras). O contacto é Apartado 23. Sobreiro Curvo. 2564-908 A-dos-Cunhados, telef. 261 981 545. Brevemente darei informação sobre o preço, bem como sobre outros auxiliares, pragas por eles combatidas e plantas de acção fitossanitária.

(Preço confirmado: uma embalagem de 250 larvas custa €44)

terça-feira, julho 12, 2005

{{ bloom }}


bloom - arte e jardins efémeros apresenta-se pela primeira vez, em edição experimental, nas Oficinas a Vapor da Fábrica da Pólvora de Barcarena, em Oeiras. bloom é uma iniciativa do atelier Traços na Paisagem e pode ser visitada até 31 de Julho. Grandes expectativas!!!

receitas da horta


Aconselho a experiência: converta um pequeno espaço de terra em horta! As vantagens são imensas:
- decide o que planta e como planta,
- consome legumes frescos (sempre à mão), que não perdem qualidades com o intervalo de tempo entre a colheita e o consumo,
- os produtos não contém tóxicos, se optar pelos preceitos da agricultura biológica,
- investe o seu tempo livre numa actividade saudável,
- conhece e dá a conhecer os ciclos naturais, desde a semente até ao aparecimento do fruto e seu consumo.

gaspacho (para a Suzana com z)
Tire a pele e as sementes a 1,5 kg de tomates bem maduros. Um dos tomates deverá ser cortado em cubinhos e posto de lado. Tire as sementes a um pimento verde e corte metade em cubinhos. Descasque um pepino médio e corte metade também em cubinhos. Descasque uma cebola pequena, pique metade e coloque com os outros legumes cortados em tigelas à parte. Desfaça num liquidificador o resto do tomate, pimento, pepino e cebola com 3 dentes de alho, uma pitada de sal e 4 colheres de sopa de bom azeite. Deite o puré numa tigela e junte 4 colheres de sopa de vinagre. Mexa e junte água fria em quantidade suficiente para fazer a sopa segundo a consistência que desejar.

Entretanto, corte pão em cubinhos e torre no forno. Sirva a sopa numa terrina, acompanhada de tacinhas com os legumes e o pão. Se quiser, polvilhe a sopa com coentros.

taboulé
Prepare 200 gr de couscous (sémola de trigo) segundo as instruções da embalagem. Lave 3 tomates e corte-os em cubinhos muito pequeninos. Faça o mesmo a um pepino. Coloque Descasque 100 gr de cebolas e pique-as. Lave um raminho de salsa e outro de hortelã e pique-os também. Coloque o couscous, os legumes e as ervas numa taça. Regue com o sumo de 1 limão. Tempere com 4 colheres de sopa de azeite e mexa. Tempere com sal e pimenta e sirva fresco.

sexta-feira, julho 08, 2005

respiguemos*?


Em plena semana da reunião do G8, veio mesmo a propósito o link apontado pelo José Rui Fernandes para o projecto Fallen Fruit . Lançado por um grupo activista norte-americano, este projecto incentiva os habitantes das cidades a lutar por jardins comunitários e a exigir a plantação de maior número de árvores de fruto nas ruas, jardins e parques. E presta um "serviço público" original: cartografa e mantém actualizada uma base de dados sobre os terrenos privados onde a fruta se encontra disponível a todos os que a queiram apanhar.
Sobre o mesmo tema, e também sobre a recuperação urbana e as margens da sociedade de consumo, acrescento a referência a dois documentos essenciais: "Os respigadores e a respigadora" e "Deux ans après" de Agnès Varda. 'On cherche le déchet, on trouve le cœur.'


*respigar: apanhar as espigas deixadas no campo depois da ceifa

07/07 london


against fear.

marianne moore, in poems on the underground

terça-feira, julho 05, 2005

segunda-feira, julho 04, 2005

festival internacional de jardins


Fui espairecer até Ponte de Lima, tendo como pretexto o festival de jardins. Encontrei uma vila muito agradável, que bem preza o seu património e sabe aproveitar a sua condição ribeirinha a favor dos habitantes locais e visitantes. Muita gente nos parques e jardins, canoas e banhistas no rio, uma pequena feira de artesanato que divulgava os produtos locais.
O Festival decorre num recinto fechado, na outra margem do rio, junto ao animado clube náutico. Como se trata do ano 0, todos os projectos de jardins efémeros são da responsabilidade da organização que assim pretende demonstrar a potencialidade criativa a futuros concorrentes.

Resultou deste festival imaginário um belíssimo catálogo que contém também fotos dos 50 hectares de jardins e espaços ajardinados de Ponte de Lima.
De reconhecer o pioneirismo da iniciativa e de desejar que contribua para sensibilizar os nossos autarcas para a requalificação dos espaços verdes, de um forma criativa que incentive os cidadãos a gozar a vida ao ar livre. Tal como as diversas edições da Lausanne jardins, por exemplo.

segunda-feira, junho 27, 2005

protegendo os olhos ...


... de hortelões mais incautos das afiadas canas e das intrometidas estacas.